22/08/2018

CHORD MELODY NO UKULELE



Chord Melody no Ukulele – Arranjo da música Asa Branca
Por João Daniel C. da Costa

Basicamente, Chord Melody é um recurso que consiste em se tocar um acorde (harmonia) para cada nota da melodia. É, comumente, utilizado por pianistas.
Na guitarra, o Chord Melody teve início com os guitarristas do jazz. Podemos destacar alguns importantes músicos que utilizavam ou utilizam o Chord Melody em suas performances: Joe Pass, Ted Greene, George Van Eps, Pat Metheny, John Pizzarelli, etc.

No ukulele, músicos como Lyle Ritz, Ohta San, Kimo Hussey, James Hill, Jake Shimabukuro, etc., incorporaram, entre outras técnicas, o Chord Melody em seus arranjos.
Algumas dicas para se criar e executar o Chord Melody no ukulele:

Melodia

Apesar de a harmonia ser de suma importância na música, são as notas da melodia que conferem identidade a determinada música. Quando tocamos um acorde, naturalmente, o som que mais se destaca é o da nota mais aguda, a “ponta” do acorde. Por isso, no uso do chord melody, geralmente, a melodia fica situada nas vozes mais agudas dos acordes; desta forma, sobressaíra em relação às outras notas da harmonia. Isso não impede que construamos arranjos com melodias nas partes mais graves dos acordes, mas precisamos estar conscientes que, neste caso, ela ficará mais “escondida”, o que também pode proporcionar um efeito interessante.

No ukulele, temos que observar para qual padrão de afinação iremos executar uma peça em chord melody. Se o instrumento estiver afinado em High g ou afinação reentrante - 1ª= A; 2ª=E; 3ª=C; 4ª=g - a quarta corda, em termos de altura, se encontra entre a primeira e a segunda cordas, logo, devemos levar isto em consideração na elaboração das vozes. Para o padrão Low G ou linear, 1ª= A; 2ª=E; 3ª=C; 4ª=G, em que a quarta corda é a mais grave, fica mais “fácil” visualizar a melodia na “ponta”, além de termos cinco notas mais graves, comparado ao padrão high g.    
Harmonia

No chord melody, a harmonia é fundamental, já que está presente em cada nota da melodia. Podemos criar distintos arranjos através das harmonizações. Para enriquecer a harmonia podemos: (a) usar os acordes, com suas diferentes formas ou shapes, do campo harmônico em que a música se encontra – se a música for tonal; (b) utilizar acordes de empréstimo modal (AEM); (c) nos valer dos acordes oriundos de tons vizinhos; (d) inserir acordes que não possuam relação alguma com a harmonia original, mas que contenham a nota da melodia, o que pode causar “estranhesa”, em alguns casos, mas também, novidade, sofisticação, em outros; ainda, (e) podemos variar cadências; (f) efetuar inversões; (g) modulações, etc.
PS: necessariamente, não é preciso ter um acorde para cada nota da melodia. Em passagens que contenham anacruse ou em contratempos, por exemplo, executar apenas as notas da melodia faz com que a música soe menos “blocada”, isto é, com menos acorde/melodia.   

Ritmo
Outro aspecto a ser destacado é a questão rítmica. Não somente em chord melody, mas também em outros tipos de arranjos, devemos dar atenção especial ao ritmo. É comum nos preocuparmos, por vezes, mais com os aspectos melódico-harmônicos que com o ritmo. É importante que pesquisemos diferentes gêneros musicais e suas células rítmicas para que consigamos aumentar as possibilidades de criação e execução. Em algumas situações, no chord melody, a fim de que mantenhamos a pulsação da música, podemos continuar a tocar alguns acordes, mesmo que determinado trecho não possua melodia. Esse recurso ajuda a eliminar alguns “buracos” na harmonia.

Técnica
Sobre os aspectos técnicos, em relação à mão direita, podemos utilizar somente o polegar (thumb brush) com o golpe para baixo ou os dedos polegar, indicador, médio e anelar (p, i, m, a), com o toque simultâneo das quatro cordas ou de menos cordas, se for o caso. Tocar apenas com o polegar, provoca um pequeno delay, um atraso, e soa como um rápido arpejo. No uso dos dedos p, i, m, a, as notas de cada corda soam simultaneamente. Ambas as técnicas têm o seu valor. Podemos criar trechos mais homogêneos, usando uma ou outra, mas também as duas, de maneira intercalada em uma mesma música. Vale a experimentação!

Em relação à mão esquerda, procure construir digitações econômicas que facilitem a execução. A digitação não é a parte mais importante, mas uma boa digitação ajuda muito na performance.
A seguir, segue o arranjo da música Asa Branca (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira) para ukulele, em chord melody, que elaborei, inicialmente, para o workshop que ministrei no 2º encontro Nacional de Ukulele, realizado na Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, em junho de 2018. Escrevi em tablatura, partitura e diagramas de acordes.
PS: nos diagramas dos acordes há a sugestão de digitação. Para visualizá-la, aumente o zoom no arquivo.

Espero que gostem! Bons estudos! Aloha!!!

DOWNLOAD: https://drive.google.com/open?id=1Iy1MoNg58PRU_DQJRrOMfU9dmqOhCHde

19/01/2018

Dissertação de Mestrado em Música


É com grande satisfação que disponibilizo a minha dissertação de Mestrado em Música, na área da Educação Musical, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), cujo título é:

"A utilização do ukulele no ensino coletivo de música: uma pesquisa-ação com uma turma de 3º ano do Ensino Fundamental I da rede municipal de Guarapari-ES".

Esta pesquisa, realizada sob a orientação do Prof. Doutor Sérgio Luis de Almeida Álvares, investigou o uso do ukulele para o ensino-aprendizagem em música, em âmbito coletivo.

Em relação ao ukulele, foram investigados alguns aspectos como: a história do instrumento, modelos, padrões de afinação, materiais, técnicas de execução, o movimento do ukulele no Brasil, entre outros.   

Foi desenvolvida uma pesquisa-ação, em que foram ministradas aulas de música com o ukulele em uma turma de 3º ano do Ensino Fundamental da rede municipal de Guarapari, Espírito Santo. 

O trabalho contou com a participação de alguns músicos e professores de ukulele, do cenário nacional e internacional, que cederam informações através de questionários. Participaram desta estapa: James Hill (Canadá) - uma das principais referências em ukulele no cenário mundial-, Warren Dobson (Canadá), Jutta Riedel-Henck (Alemanha), Philip Tamberino (Estados Unidos), os brasileiros Vinícius Vivas, Fernando Novais - dois mestres, referências do ukulele no Brasil-, e Thiago Luiz.

O meu sincero desejo é que esta pesquisa possa contribuir para o crescimento do uso do ukulele na Educação Musical, mas também como um instrumento de expressão, para o divertimento, para a promoção da arte, etc.

Boa leitura!

Aloha!

Disponível em: https://drive.google.com/open?id=1vMVoU9PPh7J2ADMImZA1Fr257jLnT2z_
  








15/02/2017

Meus trabalhos acadêmicos sobre o uso do ukulele na Educação Musical e outros temas

Conforme descrito anteriormente, iniciei as minhas pesquisas sobre o ukulele e sua aplicação no ensino de música em 2011.

Em novembro de 2013, tive o privilégio de publicar a primeira comunicação do Brasil que relata o uso do ukulele na Educação Musical. Esse trabalho foi apresentado na sessão de pôsteres do XXI Congresso Nacional da ABEM (Associação Brasileira de Educação Musical), realizado em Pirenópolis – GO, e está disponível nos Anais do Evento.

Título do trabalho: “O ensino coletivo do ukulele como uma possibilidade de inovação no contexto da educação musical”


Algumas semanas depois, em dezembro de 2013, pude publicar o primeiro TCC (trabalho de conclusão de curso) no Brasil sobre o uso do ukulele para o Ensino Coletivo de Música. Esse trabalho foi um quesito parcial para a obtenção do Título de Licenciado em Música pela FAMES (Vitória-ES).

Título do trabalho: "O ensino coletivo de música através do ukulele: possibilidades e desafios"


No XXI Seminário FLADEM (Fórum Latinoamericano de Educação Musical) realizado em julho de 2015 no Rio de Janeiro - RJ, publicamos, eu e outros educadores musicais, um trabalho sobre nossas experiências docentes musicais. Nesse trabalho há menção do uso o ukulele nas minhas práticas educacionais musicais.

Título do trabalho: "Unidade na Diversidade: desafios, motivações e possibilidades de um grupo de educadores musicais brasileiros sob a perspectiva da Musicalidade Abrangente


Há também o trabalho sobre o meu projeto de pesquisa de mestrado em música pela UFRJ (finalizado) que investigou o uso do ukulele como uma ferramenta para o Ensino Coletivo de Música. Esse, foi apresentado no 14º Colóquio de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Música da UFRJ, realizado em dezembro de 2015, no Rio de Janeiro - RJ.

Título do trabalho: “A utilização do ukulele como ferramenta para o ensino coletivo de música: um estudo de caso no ensino fundamental da rede municipal de Guarapari-ES

 
No X Encontro Regional Sudeste da ABEM / III Encontro de Educação Musical do Colégio Pedro II, realizado em setembro de 2016, no Rio de Janeiro – RJ, apresentei um relato de experiência sobre o Ensino de Música a Distância Online. Parte do relato trata do ensino online do ukulele. O trabalho está disponível nos anais do encontro.

Título do trabalho: “O ensino de música a distância online: um relato de experiência sobre o ensino-aprendizagem de violão e ukulele na educação não formal”




Eu e o Ukulele

Breve histórico do instrumento 


O ukulele é um instrumento de cordas dedilhadas popularizado na cultura do Havaí. Possui ascendência nos instrumentos portugueses Braguinha e rajão, trazidos por emigrantes da Ilha da Madeira no final do século XIX. Possui parentesco próximo com o nosso cavaquinho, que também é originário de Portugal. O instrumento possui um som muito peculiar e “leve” de se ouvir. Muitos pensam se tratar de um brinquedo. Apesar de parecer, não é um brinquedo (risos)! O ukulele é um instrumento musical que nos oferece muitas possibilidades!
Ao longo dos anos muitos músicos têm utilizado o ukulele em suas performances e gravações: Roy Smeck, Cliff Edwards, Elvis Presley, George Harisson, John Lennon, Paul McCartney, Israel Kamakawiwo'ole, Eddie Vedder, Jack Johnson, Jason Mraz, Jake Shimabukuro, James Hill, Sungha Jung, entre outros.
No Brasil tem-se visto músicos como Marisa Monte, Tiago Iorc, Clarisse Falcão e outros profissionais da música utilizarem o uke (outra forma de se referir ao ukulele). O instrumento também tem se tornado muito conhecido entre os músicos amadores. Há vários sites e canais específicos sobre o ensino do instrumento, bem como grupos de redes sociais sobre o tema. Há ainda os encontros para tocar o ukulele (conhecidos como Uke Days) em várias partes do Brasil.

João e o ukulele...


A minha história com o ukulele começa no fim do ano de 2009, quando conheci o instrumento através do vídeo (disponível no Youtube) daquele garotinho (Makoto Sato) tocando a música I’m Yours do Jason Mraz. Fiquei encantado! Ao final de 2010, na Faculdade de Música do Espírito Santo (FAMES), onde eu estudava naquela ocasião, houve a iniciativa de se colocar o ukulele no curso de musicalização infantil oferecido pela Instituição, o que me chamou a atenção em termos pedagógicos.
Em 2011, nas minhas aulas de música para crianças menores (5 a 7 anos de idade), usando o violão, pensei que o ukulele poderia facilitar o aprendizado de alguns aspectos técnicos, pelo fato de ser menor, de as cordas possuírem menor tensão, por ter menos cordas, além de ser muito atrativo por seu visual e sonoridade.
Realmente foi o que pensei e muito mais! Desde então tenho pesquisado e usado o instrumento nas minhas práticas musicais docentes (aulas particulares individuais e coletivas) e artísticas (casamentos e outros eventos). Participo dos movimentos sobre o ukulele no Brasil, grupos de redes sociais que tratam do tema, bem como atuo (junto com outros colegas) na organização dos Uke Days no Espírito Santo. 
O ukulele se tornou uma parte tão importante na minha trajetória que no meu casamento (em setembro de 2012) o usamos na entrada das alianças! Foi lindo!



Aloha!!!